sexta-feira, 3 de julho de 2015

Situação extrema: Crianças Paraibanas caçam ratos para comer




A escassez de comida na mesa de muitos paraibanos está levando uma família da cidade de Alagoa Grande (na região do Brejo, a 148 km de João Pessoa), à uma situação extrema: caçar roedores para complementar a alimentação.
Na comunidade Barreiras, no Sítio Tambor, virou rotina crianças saírem quase todos os dias, sempre à tarde, para colocarem armadilhas para ‘rato de Junco’.
 O prefeito da cidade disse que o Município vai ajudar a família, mas que já teria oferecido apoio anteriormente e eles teriam recusado. Leia aqui as declarações do prefeito de Alagoa Grande sobre o assunto.
A caça ao animal é artesanal e feita em uma lagoa que fica no centro da cidade. Uma das crianças revelou que há uma semana sua família se alimenta com rato, porque não dinheiro para comprar a “mistura” e nem outros alimentos.
 “A gente vai um dia sim, outro não. A gente mete o pau no ninho e mata os ratos (sic)”, contou um menino de 10 anos.
O registro da situação de extrema pobreza de uma família que é comandada por uma mulher de nove filhos foi feito pelo blogueiro Júlio Araújo. Ele flagrou um grupo de crianças saindo de um matagal com os animais já prontos para o consumo.

“Eu fui até a casa da família para fazer uma reportagem sobre um homem que tinha morrido na comunidade. Quando estava iniciando a matéria, vi as crianças saindo do mato com os animais e todos tratados. Perguntei para qual a finalidade dos animais e eles foram enfáticos: para comer. Fiquei chocado com a situação de pobreza da família”, relatou Queiroz, com um tom de emoção.

O imóvel onde a família mora ainda é feito de barro. A casa de poucos cômodos não possui rede de esgoto, a instalação elétrica é feita com gambiarras e não há higiene.
 Para matar a sede, os garotos pegam água de um açude próximo onde não há tratamento adequado para o consumo. “Podemos dizer que é uma pobreza muito grande, que não sei mensurar.
 Fiquei muito chocado e comovido. Eles bebem água barrenta que pegam em um açude. Daí, usei o jornalismo para tentar ajudar essa família e amenizar a dor dessas crianças”, disse o blogueiro.

Apesar de a maioria dos moradores da comunidade ter acesso ao programa Bolsa Família, eles – que sobrevivem com cerca de R$ 240 – afirmam que o dinheiro que recebem não dá para comprar a “mistura” para complementar o almoço e o jantar, e acabam saindo à caça de ratos para suprir a falta de carne nas refeições.

Segundo o Portal da Transparência do Governo Federal, somente este ano, o município de Alagoa Grande recebeu pouco mais de R$ 4 milhões e 226 mil par atende os beneficiários do Bolsa Família.

‘Rato do Junco’
Segundo Ivonete Márcio, bióloga e integrante da Vigilância Ambiental de João Pessoa, o ‘Rato de Junco’ é uma espécie de animal silvestre de hábitos noturnos semi-aquático. “Não há relato de problemas de saúdeem decorrência da ingestão do animal. Em muitas regiões isso é consumido, mas devemos ter alguns cuidados com a higienização. O rato pode transmitir algumas doenças típicas das ratazanas”.

O animal é um roedor maior que o rato-comum-das-casas, de cor geral avermelhadas na região superior e cinza ventralmente.Alimenta-se de partes de vegetais aquáticos, sementes silvestres e cultivadas,mas podem até chegar a comerem animais invertebrados. Os ninhos são construídos em touceiras de capim, geralmente em terrenos brejosos; suas ninhadas chegam a até 10 filhotes.


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