SOBRE O PROCESSO DE IMPEACHMENT, O ATAQUE À DEMOCRACIA E A
EFETIVAÇÃO DO GOLPE INSTITUCIONALIZADO.
A vergonhosa aprovação da admissibilidade do processo de
“Impeachment” pela Câmara dos Deputados na noite do último domingo representou
muito mais que um Golpe Institucionalizado. Sim, foi um golpe porque foi
acatado o processo de “impeachment” sem crime de responsabilidade, em um claro
desrespeito ao que determina a Constituição Federal.
Mas foi muito mais que isso. A democracia brasileira foi
profundamente ferida. Em um misto de covardia, sarcasmo e ódio, o sangue da
nossa jovem sociedade democrática foi derramado, assim como o ocorrido em
Eldorado de Carajás.
Prevaleceram a vingança e o ódio sobre pessoas, sobre
partidos e, sobretudo, sobre um projeto de sociedade que, apesar de todos os
problemas e até equívocos, tem como meta a inclusão social, distribuição da
renda, prática da democracia participativa e a concepção de um Estado à serviço
da maioria e dos excluídos.
Prevaleceu um “sim”, travestido de hipócrita combate à
corrupção, ao medo de que o combate à corrupção atinja efetivamente os maiores
corruptos e corruptores, simbolizados pelos comandantes desse processo,
senhores Eduardo Cunha e Michel Temer.
Prevaleceu a postura da burguesia industrial de golpear os
direitos sociais e trabalhistas, de golpear os avanços da agricultura familiar,
de golpear de forma definitiva a reforma agrária em nosso país.
O golpe não é somente contra uma presidenta, um governo e uma
democracia. É um golpe contra o povo, contra os trabalhadores, contra a
população negra, contra os povos indígenas, contra os pobres e excluídos.
Além disso, ficou muito claro que a chamada “democracia
representativa” é capenga, incompleta e parcial. Este processo de “impeachment”
desnudou o que representa esta “democracia representativa” para a maioria da
população brasileira. E esta realidade não é diferente na maioria dos estados
federativos e dos municípios. E este foi um dos equívocos cometidos pelo
Governo Dilma: apostar excessivamente nesta democracia representativa.
Diante disso, a FETRAF-BRASIL-CUT afirma que não reconhece a
legitimidade do processo de “impeachment” pois tem vícios desde a sua origem,
tratando-se assim de um atentado contra a democracia e população brasileira.
Não reconhece a legitimidade de Eduardo Cunha no comando da Câmara dos
Deputados. E não reconhece a legitimidade de Michel Temer em, caso aprovado
este “impeachment golpista” assumir a Presidência da República.
A FETRAF-BRASIL/CUT continuará, articulada à Frente Brasil Popular
e à Frente Povo Sem Medo, a mobilizar a sua base para lutar, com as ações e as
forças que forem necessárias, em defesa da democracia, em defesa dos direitos
conquistados e contra o golpe.
Queremos chegar à plenitude da legítima democracia, que não se
esgota nesta podre e carunchada democracia representativa, precisando sem
complementada com uma efetiva democracia participativa, democracia social e
democracia econômica.
A agricultura familiar, os povos do campo, das águas e da
floresta não aceitarão, de forma pacífica, retrocessos na sua tão recente
história de avanços e conquistas para voltar aos 500 anos de história de
subordinação e opressão a que foram submetidos.
PELA DEMOCRACIA PLENA.
PELA MANUTENÇÃO DOS DIREITOS CONQUISTADOS E ADQUIRIDOS.
VIVA A AGRICULTURA FAMILIAR.
VIVA OS POVOS DO CAMPO, DAS ÁGUAS E DAS FLORESTAS
VIVA OS POVOS INDÍGENAS.
VIVA OS POVOS INDÍGENAS.
Brasília (DF), 19 de abril de 2016 – Dia dos Povos Indígenas.
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