Marcelo Bergamo, coordenador do curso de gastronomia da
Universidade Metodista, dá aulas há dez anos e não se lembra de ter tido um
aluno com vontade de trabalhar na indústria de alimentos. O sonho dos
estudantes é mesmo atuar em restaurantes.
"A indústria não
tem apelo. Eles gostam de cozinhar, preparar pratos, servir os clientes",
afirma.
A BRF, maior empresa de
alimentos do país, resultado da fusão da Sadia e da Perdigão, quer mudar esse
cenário e atrair alunos desse curso.
"Poucos deles têm a
clareza de que uma empresa pode ser uma alternativa de carreira", afirma a
diretora de marketing Christiane Dorigon.
A fabricante lançou um
concurso chamado Chef do Futuro, que vai selecionar seis estudantes das
faculdades Anhembi Morumbi, FMU e Senac São Paulo para treinamentos na empresa.
Um deles será selecionado para fazer estágio na corporação e um curso na Cordon
Bleu, tradicional escola de culinária em Paris. Há possibilidade de contratação
após o processo.
Para participar, é
preciso criar um produto inovador para a área de alimentação fora do lar. As
inscrições vão até 10 de setembro.
Leonardo Maciel, 27,
trabalhou seis anos em restaurantes e migrou para a área corporativa. Hoje,
atua como consultor na BRF. Ele treina equipes que vendem produtos para bares e
restaurantes.
O jovem admite sentir
saudades do dia a dia da preparação de pratos. "Quase não tenho mais
rotina na cozinha, mas estou tendo uma outra visão do mercado", afirma
Maciel, lembrando que ficava "15 horas em pé em uma cozinha, em um
ambiente quase insalubre".
Michele Novembre, coordenadora do curso de gastronomia do Senac,
diz que outra área de atuação em alta é a de consultoria.
"Muitos
empreendedores que não são da área resolvem abrir um restaurante e precisam de
ajuda para dimensionar a estrutura, a compra de equipamentos e o tipo de
cardápio", conta.
Segundo ela, a média
salarial para recém-formados é de cerca de R$ 1.000 e passa para algo em torno
de R$ 2.500 após dois anos de experiência.
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