quarta-feira, 1 de abril de 2015

Justiça obriga operadoras a fornecerem internet após fim da franquia no MA‏

A Justiça do Maranhão determinou que as quatro operadoras de telefonia
celular que atuam no Estado --Claro, OI, Tim e Vivo-- continuem a
fornecer internet aos consumidores mesmo após consumo da franquia de
dados.

O juiz titular da Vara de Interesses Difusos e Coletivos de São Luís,
Douglas de Melo Martins, acatou na última sexta-feira (27) o pedido do
Procon-MA (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor do Consumidor).

A determinação de caráter liminar prevê uma multa diária de R$ 10 mil
para as operadoras que não acatarem o pedido, além de reparações por
danos sociais e por danos morais coletivos.

O UOL Tecnologia entrou em contato com as empresas. A Claro disse "não
comentar decisões judiciais". A Vivo, em contrapartida, informou que
não foi citada na ação judicial mencionada.

Em nota, a Oi justificou que segue a prática de bloqueio de navegação
após o consumo da franquia que é modelo em vários países para melhorar
"a experiência de uso não somente para o cliente que navega em
velocidade reduzida, mas para todos os demais clientes que trafegam na
rede". A TIM ainda não se posicionou sobre o assunto.

Martins explica que a ação do Procon questiona o bloqueio do acesso à
internet dos clientes após o consumo da franquia de dados, já que
antes, mesmo com o fim do pacote, os clientes mantinham o acesso à
rede, embora com velocidade reduzida.

"As operadoras fizeram essa mudança com base em uma resolução da
Anatel (Agência Nacional de Telefonia), que 'permitia' que elas
alterassem o contrato firmado com seus clientes. Só que a prática de
alterar o contrato é abusiva, conforme o Código de Defesa do
Consumidor", disse o magistrado.

O juiz informa ainda que "qualquer cláusula que permita isso é nula".
"O consumidor tem o direito de ter o contrato respeitado. Por isso,
determinei que as operadoras garantissem aos seus clientes antigos a
utilização da internet com velocidade reduzida, mesmo após o consumo
de dados da franquia", destacou.

Na ação judicial, o Procon solicita que as operadoras informem aos
consumidores como é realizado o cálculo de consumo dos pacotes de
internet, com linguagem clara e objetiva.
Ação das operadoras

O bloqueio da internet ao fim das franquias tem sido adotado
gradativamente pelas principais operadoras do país desde o final do
ano passado. Antes, ao fim do limite do pacote de dados, as empresas,
ao invés de cortar o serviço, reduziam a velocidade do acesso. Agora,
caso queiram manter conexão à rede, os usuários devem contratar
pacotes extras. A medida já tem feito com que alguns usuários façam
uma espécie de "dieta digital" para manterem seus planos ativos.

A primeira a adotar o novo modelo de cobrança foi a Vivo, que desde 6
de novembro de 2014 tem cortado o acesso à rede dos clientes pré-pagos
e controle. O corte foi iniciado em Minas Gerais e Rio Grande do Sul,
mas, segundo a empresa, já foi implementado nacionalmente. "O mesmo
ajuste deverá ser realizado nos próximos meses para os clientes
pós-pagos", disse a operadora por meio de nota.

Medida similar foi adotada pela Oi, que desde 1º de dezembro tem
bloqueado o acesso à internet dos usuários dos planos pré-pagos e Oi
Controle em todo o país. A empresa, no entanto, não informou se
pretende ou não expandir o modelo de cobrança aos planos pós-pagos,
tampouco qual seria o prazo para essa adequação.

Já a TIM anunciou que a partir de 20 de março bloqueará o acesso à
internet de clientes que atingirem a franquia mensal de planos
pós-pagos. A alteração, que desde dezembro já tem atingido os planos
pré-pagos e controle da operadora, vai atingir clientes dos planos
Infinity Pós (que não é mais comercializado), Liberty, Liberty Express
e Liberty Web (para tablets e modem) por todo o país. O bloqueio do
plano pós-pago Liberty no Rio Grande do Sul, em Pernambuco e na área
de DDD 19, no interior paulista, também já vinha sendo implementado de
maneira gradativa e será concretizado até 18 de março.

A Claro já trabalha com o bloqueio da internet aos clientes pré-pagos
e Controle que atingirem o limite da franquia contratada, no interior
de São Paulo e nos Estados de Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do
Sul, Rondônia, Acre, Tocantins, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso,
Goiás, Minas Gerais, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba,
Pernambuco, Alagoas, no Distrito Federal e, amanhã, em Sergipe, Bahia,
Rio de Janeiro e Espírito Santo. Para as demais regiões, o bloqueio
acontecerá em breve, mas ainda sem data definida.
Anatel não se opõe à medida

Com o anúncio das operadoras no ano passado, a Anatel (Agência
Nacional das Telecomunicações) informou na época que já esperava esse
tipo de medida das companhias. O órgão vê essa mudança na forma de
cobrança como uma forma de compensar a queda de receitas nos serviços
de voz -- com o uso de internet, as pessoas passaram a fazer menos
ligações.

Em entrevista ao "Convergência Digital", Elisa Peixoto,
superintendente de relações com os consumidores da Anatel, disse que
não haverá influência da agência sobre as operadoras.

"A Anatel não colocará nenhum entrave à cobrança no caso do excedente
da franquia. O futuro da receita do setor é o tráfego de dados e é um
movimento natural que a gente passe a ver cobrança desse serviço, sob
pena de não haver recursos para investimento na rede. Toda a vez que o
consumidor tinha a redução de velocidade no fim da franquia passava
por uma falsa percepção de que o problema era na qualidade da rede",
disse.

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