Os
empregadores do setor sucroalcooleiro recorreram ao Poder Judiciário para
retirar, da Convenção Coletiva de Trabalho, direitos históricos dos
canavieiros, a exemplo das horas in itinere (tempo gasto pelo empregado, em
transporte fornecido pelo empregador, de ida e volta até o local de trabalho).
Ontem à tarde, durante a audiência entre os trabalhadores e os empresários do
Setor, no Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região, os Sindicatos da Zona da
Mata e a FETAEPE (Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras Assalariados
Rurais do Estado de Pernambuco) se viram obrigados a aceitar os termos da
Conciliação e encerrar a greve geral, iniciada na última segunda-feira.
“Apesar
de sabermos o que isso representa de perda no salário da categoria, tivemos que
seguir o encaminhamento do Judiciário. Porém temos certeza que fazer a greve
foi fundamental, pois tivemos uma grande adesão dos trabalhadores, que
mostraram que estão dispostos a lutar por seus direitos e a paralisar suas
atividades, quantas vezes forem necessárias, o que muita gente duvidava”,
destacou o presidente da FETAEPE (Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras
Assalariados Rurais do Estado de Pernambuco), Gilvan José Antunis.
Ele
também acrescentou que os debates ocorridos este ano, durante as negociações,
trouxeram elementos importantes para que os Sindicatos e a FETAEPE discutam
estratégias, na próxima campanha salarial, em 2019, para a reconquista desse
direito, e para que não haja novas ameaças à Convenção Coletiva.
Durante
a Audiência de Conciliação, ficou decidido que os demais direitos conquistados
pelos trabalhadores em Convenção Coletiva ficariam mantidos. Também foram
registradas algumas conquistas, a exemplo do salário, que passou de R$ 970,00
para R$ 1.010,00; o piso de garantia, que ficou em R$ 18,00, e o valor da cesta
básica, que era R$ 45,00 e ficou em R$ 50,00. “Vamos atuar fortemente, junto a
nossa base, com os Sindicatos, para que essa Convenção seja cumprida
integralmente”, explica Gilvan.
Sobre
a Greve - Após
13 rodadas de negociação da 39a Campanha Salarial da Categoria, e a ameaça dos
patrões de retirada, da Convenção Coletiva de Trabalho, de direitos
historicamente conquistados, os canavieiros decidiram, no dia 29 de novembro,
decretar greve geral. Depois de notificar os empresários do Setor, os
trabalhadores paralisaram suas atividades na última segunda-feira (03/12).
Foram quatro dias de greve, que atingiram usinas de toda a Zona da Mata e
Engenhos particulares.
Durante
a paralisação, a UITA (União Internacional das Associações de Trabalhadores
Alimentícios, Agrícolas, Hoteleiros, Restauradores, Tabaco e Afins) encaminhou
uma carta aberta aos empresários do Setor Sucroalcooleiro do estado, pedindo
que eles revisassem os seus posicionamentos e retomassem o diálogo com os
trabalhadores, buscando uma saída que beneficiasse a todos. O texto dizia,
ainda, que a instituição permaneceria acompanhando a situação, e que estaria
pronta para tomar, caso necessário, as medidas pertinentes, em nível nacional e
internacional.
As negociações da 39a Campanha Salarial da Categoria foram coordenadas
pela FETAEPE, Sindicatos da Zona da Mata e Contar, com o apoio da FETAPE,
Contag, DIEESE e centrais sindicais CTB e CUT.
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